Linhas de Investigação
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Direito e Inovação
A linha de investigação em Direito e Inovação visa explorar, de forma crítica e propositiva, os caminhos possíveis para um ordenamento jurídico mais adaptável, dinâmico e eficaz perante os desafios contemporâneos. A rápida transformação da sociedade, marcada pela globalização, digitalização e emergência de novas tecnologias, exige um Direito capaz de antecipar, acompanhar e regular estas mudanças com soluções jurídicas inovadoras, eficazes e socialmente justas.
Pretende-se fomentar uma cultura jurídica que privilegie a criatividade normativa e a abertura à interdisciplinaridade, apostando em reformas legais que respondam de forma célere e ponderada aos novos riscos e oportunidades. Esta linha de investigação ambiciona colocar o Direito ao serviço do progresso e da justiça social, contribuindo para a construção de um quadro normativo que potencie a inovação tecnológica, proteja os direitos fundamentais e promova o desenvolvimento sustentável, inclusivo e digital.
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Inteligência Artificial e Tecnologia Aplicada ao Direito
Esta linha de investigação dedica-se ao estudo aprofundado da aplicação da Inteligência Artificial (IA) e das novas tecnologias no âmbito jurídico, analisando os seus impactos na prática forense, na decisão judicial, na produção legislativa e na garantia dos direitos fundamentais. A automatização de processos jurídicos, a utilização de algoritmos preditivos em decisões judiciais e a integração de sistemas inteligentes em serviços jurídicos exigem uma reflexão crítica e jurídica rigorosa sobre os seus limites, riscos e benefícios.
Pretende-se contribuir para a construção de um ecossistema jurídico que integre as potencialidades da IA sem abdicar dos princípios fundamentais do Estado de Direito, como a transparência, a imparcialidade, a equidade e a proteção da privacidade. A investigação assume um carácter multidisciplinar, dialogando com áreas como a ética, a ciência de dados e a engenharia informática, no sentido de promover uma aplicação tecnicamente informada e juridicamente responsável das tecnologias emergentes no sector jurídico.
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Direito Digital
A linha de Direito Digital centra-se na análise jurídica dos fenómenos e desafios que emergem da sociedade digital e da economia de dados, com particular atenção ao contexto europeu. A transição digital em curso na União Europeia, sustentada no Digital Services Act (DSA), Digital Markets Act (DMA), Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e, mais recentemente, no AI Act, exige um esforço de compreensão e adaptação normativa à nova realidade digital.
Esta linha de investigação aborda temas como a proteção de dados pessoais, a responsabilidade das plataformas digitais, os direitos dos consumidores em ambiente digital, a regulação da inteligência artificial e a governação da internet. A legislação europeia, conjugada com a estratégia portuguesa para a digitalização, obriga à construção de um Direito Digital robusto, coerente e centrado no ser humano, capaz de proteger os cidadãos num ambiente marcado por assimetrias informacionais e por riscos acrescidos à liberdade e à dignidade humanas.
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Cibersegurança
A linha de investigação em Cibersegurança propõe-se estabelecer as bases de um Direito do Ciberespaço que ultrapasse as limitações territoriais e culturais dos sistemas jurídicos tradicionais. A ideia central assenta na criação de um ius commune digital, que permita uma linguagem jurídica universal, adequada à natureza desterritorializada, mutável e interconectada do ciberespaço.
Num mundo em que as ameaças cibernéticas são cada vez mais sofisticadas, a investigação nesta área procura desenvolver modelos normativos que conciliem a segurança digital com os direitos fundamentais, ultrapassando a dicotomia entre norma e caso, forma e conteúdo, Estado e rede. O objectivo é transformar o ciberespaço num território regulado por princípios de justiça, responsabilidade e transparência.
Esta linha propõe uma abordagem multidisciplinar e crítica, capaz de preparar as sociedades para uma era tecnológica e robótica em que a fragilidade ambiental, a despersonalização e o culto da eficiência técnica desafiam a centralidade da pessoa humana. Finalmente, propõe-se a superação da mentalidade positivista e estatalista, promovendo uma visão do Direito que veja a fronteira não como um limite, mas como um horizonte de colaboração jurídica transnacional, apto a garantir segurança, liberdade e justiça num espaço global partilhado.
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Guerra Digital
A linha de investigação em Guerra Digital analisa o modo como os conflitos armados evoluíram para novos palcos e formas de confronto, onde as infraestruturas críticas, os sistemas informáticos, as redes de comunicação e a desinformação online assumem protagonismo estratégico. As ferramentas e métodos clássicos das guerras convencionais estão obsoletos face à ascensão dos conflitos híbridos, ciberataques e campanhas de manipulação digital.
A União Europeia tem identificado a ciberdefesa como uma prioridade estratégica, com iniciativas como a Bússola Estratégica para a Segurança e Defesa (2022) e a criação da Política Comum de Segurança e Defesa Cibernética, visando reforçar a resiliência digital dos Estados-Membros. Em Portugal, a Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço (2023-2027) reconhece a ameaça crescente dos ataques digitais, promovendo uma resposta coordenada entre entidades civis, militares e académicas.
Esta linha de investigação foca-se na construção de um quadro jurídico que permita responder eficazmente aos novos tipos de guerra, com ênfase na soberania digital, na proteção de infraestruturas críticas, na responsabilização por ataques digitais e na articulação entre Direito Internacional, Direito Penal e Direito da Cibersegurança. O objectivo é contribuir para uma compreensão jurídica moderna da guerra, em que o espaço digital é campo de batalha, mas também de defesa da democracia, da liberdade e da paz.
